Caso Ana Beatriz: veja versões dadas pela mãe para sumiço de bebê em AL e contradições apontadas pela polícia
15/04/2025
(Foto: Reprodução) Eduarda Silva de Oliveira apresentou cinco versões para o desaparecimento da filha. Caso completa 4 dias sem que a bebê tenha sido localizada. Buscas foram retomadas. Buscas por recém-nascida continuam em Novo Lino, AL
Uma força-tarefa segue mobilizada para localizar a bebê Ana Beatriz, desaparecida desde a última sexta-feira (11), no município de Novo Lino, interior de Alagoas. O g1 fez o levantamento das versões apontadas pela mãe, Eduarda Silva de Oliveira, de 22 anos, e as contradições apontadas pelos delegados responsáveis pelo caso.
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A Polícia Civil afirma que os trabalhos estão sendo dificultados pelas mudanças de depoimento apresentadas pela mãe da criança, que foi ouvida formalmente quatro vezes, e também diversas outras vezes de maneira informal. Segundo os delegados, ela já apresentou cinco versões diferentes para o desaparecimento da filha. A inicial é que a bebê teria sido sequestrada.
"Todas as informações foram prestadas pela mãe da criança e, diante das várias contradições que ela entrou, descartamos o sequestro num dos modos que ela falou inicialmente", disse o delegado João Marcello.
Veja as versões apresentadas e como foram descartadas pela PC:
Eduarda Silva de Oliveira foi ouvida formalmente quatro vezes pela Polícia Civil
Reprodução/ TV Gazeta
Versão 1 – Sequestro por ocupantes de um carro
A mãe relatou, inicialmente, que estava acompanhada da filha recém-nascida e do filho de cinco anos, aguardando o ônibus escolar, quando um carro preto, modelo Classic, se aproximou e os ocupantes sequestraram Ana Beatriz, fugindo em seguida em direção a Pernambuco.
🔍 Contradição: Imagens de câmeras de segurança e depoimentos de testemunhas apontam que a mulher saiu e retornou sozinha para casa, sem qualquer indício da presença do veículo ou de terceiros.
"Em momento algum ela desceu da BR, em momento algum ela estava com a criança no colo, verificamos todos os veículos, nenhum veículo passa do lado direito da BR em baixa velocidade para anunciar esse sequestro. O único veículo que passou em baixa velocidade foi o Prata, identificamos esse veículo, o motor já ao retornar, verificamos que ele fazia transporte irregular de pessoas, medical de transporte de pessoas de Mercadorias para Recife. Não teve envolvimento nenhum com o fato", disse o delegado.
▪ Versão 2 – Apenas uma mulher teria levado a criança
A mãe relatou que um carro preto teria feito a abordagem, mas que nele só havia o motorista e uma mulher loira, no banco de trás e apontando uma arma de fogo. Ela teria entregue a criança pela janela do carro a essa mulher.
🔍 Contradição: Essa versão também foi derrubada pela PC a partir dos mesmos indícios da versão 1.
▪ Versão 3 – Ameaça com facas
A mulher voltou atrás mais uma vez, retirando a informação sobre armas de fogo e afirmando que os homens estariam com facas.
🔍 Contradição: Assim como as versões 1 e 2, não não há qualquer imagem ou testemunha que comprove a abordagem, nem sinais de luta ou resistência.
▪ Versão 4 – Abordada por pessoas a pé
Nessa versão, a mãe contou que teria sido abordada por dois homens que estavam caminhando, às margens da rodovia, com facas nas mãos. Eles teriam feito ameaças e levado a bebê de seus braços a força.
🔍 Contradição: Do mesmo modo que as versões anteriores, não há nenhuma comprovação do fato.
▪ Versão 5 – Suposta violência sexual
"A última versão que ela sustenta é de que ela teria deixado o portão de sua residência aberto e por volta de meia-noite dois homens encapuzados, com casaco e luvas, teriam entrado e praticado abusos sexuais contra ela, posteriormente subtraindo a criança mediante violência grave e ameaça", relatou João Marcello.
Ela deu mais detalhes sobre essa versão, alegando que as ameaças teriam sido feitas com arma de fogo apontada para sua cabeça e a ação teria durado cerca de 20 minutos. Nem o filho de 5 anos, nem a bebê teriam acordado durante esse tempo, por isso não choraram. Ela afirmou que não gritou porque ficou com medo e, por isso, nenhum vizinho teria como saber.
🔍 Contradição: Os delegados afirmaram que a situação foi checada. Ela foi encaminhada para atendimento na Rede de Atenção às Vítimas (RAV), mas os exames realizados não constataram indícios de estupro.
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Buscas retomadas
As buscas foram retomadas na manhã desta terça-feira (15). Os trabalhos começaram na tarde de segunda-feira, inclusive com a ajuda de cães farejadores, mas nenhum vestígio foi encontrado. O Corpo de Bombeiros faz uma varredura na região e ampliou o área onde os trabalhos estão sendo feitos, incluindo o lixão da cidade.
"Continuamos com o curso da investigação no que pode considerar que a criança esteja com vida com outra família, não sabemos ainda se foi entregue mediante alguma vantagem econômica ou se foi doada. Infelizmente, também consideramos o fato da que a pequena Ana Beatriz estar morta", disse o delegado João Marcello, um dos responsáveis pela investigação.
Apesar das inconsistências nos relatos, a Polícia Civil reforça que prioridade é localizar Ana Beatriz com vida. A população pode colaborar com informações através do Disque Denúncia 181.
VÍDEO: confira trechos do depoimento da mãe de Ana Beatriz
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